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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Conceitos de Gestão Industrial – Controle da Matéria-Prima

Um item de importância capital no gerenciamento de um processo industrial de cana-de-açúcar é conhecer o máximo possível as características da matéria-prima assim que é admitida na pesagem dos caminhões e tomada de amostra para análise.

Entretanto além de conhecê-la é preciso definir o que será feito em cada situação. Esse assunto é muito delicado, pois envolve a área Agrícola que deve ser respeitada pela grandiosidade das operações e da logística necessária para colocar cana em quantidade suficiente e com a melhor qualidade possível.
Essa questão precisa ser discutida de forma transparente, senão a área Agrícola fica com o rótulo de extremamente competente enquanto a Industrial é relegada além do necessário.
Uma empresa desequilibrada dessa forma, não produz bons resultados e ao final todos saem perdendo do acionista ao que executa serviços gerais.
A figura do profissional responsável pela área de controle analítico é importantíssima. O gestor que não reconhece isso e coloca ou mantém uma pessoa inadequada nessa função está fadado ao fracasso. Desempenhar sua função com acerto é apontar com a maior fidelidade possível o que está acontecendo e muitas vezes expor tanto a área Agrícola quanto a Industrial.
No caso da recepção de cana o conflito será todo com a primeira e se ele for permissivo a situação tenderá a uma acomodação ao perceber que qualquer matéria-prima é aceita sem questionamentos.
Os pontos principais a atentar são:

1. Tempo entre colheita e entrega na usina: essa questão é muito crítica, pois a cana é sujeita a deterioração pela ação de microorganismos e começa pela queima quando a casca se parte e caldo é exposto, em cana não queimada a deterioração começa no momento em que é cortada. O Consecana fala em penalização após 72 horas, mas o ideal é receber a cana inteira no máximo na metade desse tempo. Para cana colhida com máquina, em toletes e com mais área interna exposta à degradação o espaço de tempo entre o corte e o processamento não deve ser superior à 16 horas. Se houver ações de conscientização e cobrança para trazer cana com o menor tempo de permanência no campo após queima ou corte, refletirá nos resultados de recuperação industrial.

2. Impurezas vegetais: tudo que não é cana, folhas e ponteiros inclusive, reduz a capacidade de carga em até 15% por menor densidade de carga e a capacidade de moagem em até 5%. Além disso, as cinzas e amido, que prejudicam o processo de produção de açúcar estão mais presentes nestas. É preciso ter a maior representatividade possível nos resultados de impureza vegetal, trabalhar para reduzir e criar formas de mensurar seu impacto no processo.


3. Impurezas minerais: desgastam os equipamentos, aumentam a perda de açúcar, seja na lavagem da cana ou na remoção da torta de filtro e diminuem o poder calorífico do bagaço, além de afetar a eficiência das caldeiras.

O gerenciamento dessas variáveis deve ser feito na área e todos devem estar treinados para agir de acordo com sua alçada.
Empregar o artifício de avisar ao Gerente Industrial e esperar que ele somente pressionando o Gerente Agrícola faça acontecer é ingenuidade e falta de comprometimento.
O Gerente Industrial deve ter a pessoa certa na área de controle de qualidade de matéria-prima não para acertar os números de forma conveniente, mas para estabelecer os parâmetros de controle, meios de treinar a equipe envolvida e garantir ao gestor informações corretas para que esse esteja municiado no momento de apresentar porque a recuperação industrial está acima ou abaixo do previsto.

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